quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Mulheres Agrônomas

A questão da ocupação de espaço no mercado de trabalho por parte das mulheres deve ser avaliada de forma mais abrangente. Historicamente, o ingresso das mulheres formadas no ensino superior ocorreu a partir de uma visão sexista, ou seja, que separava homens e mulheres por supostas tendências naturais e instintivas quanto a suas capacidades e interesses. 
Dessa forma, profissões ligadas ao cuidado dos outros como fonoaudiologia, psicologia, enfermagem, pedagogia, nutrição, seriam "naturalmente" femininas, enquanto aquelas ligadas à administração da produção ou dos processos sociais mais amplos como Engenharia, Direito, processos informatizados, seriam mais próprias aos homens em função de sua características "naturais".
Nossa visão é que isso representa muito mais uma diferença de poder na relação entre homens e mulheres na sociedade e concepções preconceituosas do que tendências naturais.
As mulheres vêm rompendo com este modelo por meio de lutas coletivas, bem como por meio das escolhas e carreiras que escolhem individualmente e enfrentando tais visões preconcebidas. Em síntese, nada impede sua escolha pelas áreas declaradas, entretanto as mulheres devem estar conscientes que preconceitos podem ter que ser enfrentados.
A Agronomia é marcada pela grande quantidade de homens que se interessam pela área e aderem ao curso. Entretanto, esse cenário já dá sinais de mudanças, com o aumento do número de mulheres cursando a graduação.
“Antigamente, existia um preconceito muito grande para com as garotas, principalmente com relação ao comportamento e aos serviços fisicamente pesados. Mas, com o advento da tecnologia, novas máquinas e áreas foram surgindo e a participação da mulher no curso só aumentou”, afirma João Galbiatti, coordenador da graduação em Agronomia do Centro Universitário de Araraquara (Uniara).
Célia Correa Malvas, docente de Microbiologia, afirma que essa mudança começou há uns 15 anos. “As primeiras turmas só tinham duas ou três mulheres. Agora, essa situação já melhorou bastante. Elas ainda não chegam a compor metade das turmas, mas a quantidade está por volta dos 30% a 40% nos cursos em geral”, declara.
Ela afirma que hoje o mercado aceita muito bem a participação feminina, especialmente em algumas áreas, como a laboratorial e de pesquisas. “Nesses tipos de atividades, que exigem um trabalho mais minucioso e delicado, a predominância é das mulheres. Mas ainda estamos em ascensão, pois há poucas ocupando cargos de alta chefia”, aponta a professora.

De acordo com Célia, o agronegócio está em franca expansão e oferece muitas oportunidades. “A primeira ação para você fazer um curso é gostar. Se você está preparado, tem boa formação e gosta do que faz, chega lá e o seu salário acaba sendo a consequência do que você realiza. O sucesso independe de gênero”, diz a professora.

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